Continuamos a acreditar no inacreditável.
Em tempos em que as respostas teimam
em não aparecer, ou não são aquelas que esperamos, remetemos toda a
responsabilidade dos nossos atos e ações para um cosmos cuja existência
continua tão obscura como a nossa própria génese. Há a certeza irrefletida de
querer alguma coisa, mas não sabemos o quê. É aquela sensação do “apetece-me
comer qualquer coisa, mas não sei o que é”.
Viajamos no nosso pensamento à
procura de justificações e alternativas à nossa mísera existência e só
conseguimos encontrar conforto no desdém. Há quem acabe por se revitalizar com
a desgraça ou com os méritos alheios, tornando-se um parasita emocional e
vivencial.
Tenho dito que não sou nenhum guru
da psicologia moderna, muito menos um antropólogo. Mas caralho… porque é que as
pessoas teimam em rejeitar a coerência? Atenção, não quero que as pessoas ajam
da mesma forma do que eu, mas existem lógicas inegáveis, até para os cegos e
daltónicos.
O construto irrefutável da realidade
deveria moldar as pessoas de acordo com paradigmas simplistas, sem qualquer tipo
de corrupção moral, emocional e social. A partir daí contruir-se-ão
personalidades diferenciadas, cada uma à sua maneira. Igual a todos e diferente
de cada um.
Não existe uma receita que magicamente
resolva todas as vicissitudes da humanidade, mas terá que haver uma base para
modelar comportamentos individuais e grupais. É claro que cada individualidade tem
a sua interpretação da vida em sociedade. Ponto assente. Mas é necessário haver
pontos de convergência que posteriormente serão os elos de ligação entre os
elementos de um determinado grupo.
Eu compreendo o absurdo daquilo que
escrevo, fi-lo enquanto pensava. Esta dádiva, do pensamento, permite-me andar
em constante paradoxo comigo próprio, mas também permite-me perceber quais os
ajustes que devo fazer em determinados contextos sociais. Aceito a complexidade
inerente à condição humana. Eu sou complexo e antagónico. Mas acredito na coerência
da nossa existência em sociedade, caso contrário somos um conjunto de berlindes
dentro de uma caixa de papel, a bater uns nos outros até a caixa não suportar
mais e rebentar.
A linha é ténue e os limites são frágeis.
Vou acreditar que a incoerência comportamental resultará em descobertas
marcantes que mudarão, para sempre, a nossa forma de ver, pensar e existir em
sociedade. Mas quando há uma simples falha na interpretação dos opostos …
Sinceramente
Stero
Comentários
Enviar um comentário