Tu não percebes nada.
Estou neste preciso momento a fumar
um cigarro. Estou na rua, numa mesa com uma toalha vermelha alusiva ao Natal.
Ando aqui com os meus botões, numa discussão acesa sobre as temáticas
importantes da vida. Sobre o ser e o não ser.
Em primeiro lugar sinto que uma
parte de mim deveria tentar o suicídio. Um bocado fatal, eu sei. Mas a verdade
é que a minha capacidade de observação me leva a estes extremos. Sinto-me um
bocado desenquadrado com tudo o que se passa à minha volta.
Modéstia à parte, considero-me um Ser
relativamente inteligente e não me deixo levar por estes pensamentos macabros.
Tenho a perfeita consciência que o caminho a seguir não é aquele que seria o
mais óbvio. Mas, de vez em quando, umas dicas não fariam mal nenhum.
Cada vez mais fico sentado em
qualquer lado a olhar para o vazio. Cada vez torna-se mais difícil encontrar
simbioses que joguem a meu favor. Estou confuso e num tsunami de emoções. Se
por um lado estou feliz por ser quem sou, por outro lado sou uma gota num oceano
cuja existência é indiferente.
Enquanto pessoa sei que adquiri competências
sociais importantes que me ajudam a ter um comportamento ajustado às diferentes
situações com que me deparo. Contudo, é muito difícil ter um histórico comportamental
que dê resposta a todos constrangimentos sociais. Ser de fácil adaptação não
pressupõe que tenhamos sempre uma resposta para todos os contextos e é esta ausência
de soluções que me inquieta.
Sinto-me vazio. Não é um vazio de
querer por fim à vida. Também não é um vazio de não sentir amor e carinho. Sinto-me
drenado de energia.
Estou certo de que este é um
capítulo da minha história que não é mau, mas também não é bom. Apenas é. É o
que tem de ser e será, sem sombra de dúvidas, mais uma aprendizagem.
Estes ensinamentos ajudaram-me a confirmar
que a comunicação é fundamental para que haja clareza, compreensão e facilidade
de entendimento. Paradoxalmente a comunicação também poderá ser mal direcionada
e o recetor poderá não estar interessado em receber qualquer conteúdo por parte
do emissor.
A pretensão é que haja sempre uma
boa interpretação da nossa mensagem, mas quando não recebemos de outra pessoa a
reação desejada a tendência é a de sobrecompensar com mais informação ou
resignar-se à sua insignificância. Das duas opções nenhuma nos tranquiliza.
A coisa fica mais complexa quando o
recetor da mensagem não quer demonstrar demasiado interesse na nossa
comunicação. Até pode estar interessado, mas, por pensar que o emissor poderá
não ter interesse naquele momento e que poderá estar apenas a fazer conversa, não
se expõe por medo de estar a demonstrar demasiado de si, sem ter a certeza se há
reciprocidade ou não.
Apesar de estar a falar do meu ponto
de vista, sei que este é um acontecimento multidirecional. Da mesma forma que
eu sinto que a minha comunicação tem valor ou não, sei que também, consciente
ou inconscientemente, desvalorizo e valorizo a comunicação de umas pessoas em
detrimento e outras. Não estou habilitado para esmiuçar esta temática, mas
empiricamente sei que está tudo relacionado com o nosso foco. Para complicar, o
nosso foco muda frequentemente.
Ainda aqui com os meus botões como
companhia vou concluindo algumas coisas absurdas. Nós relacionamo-nos,
frequentemente, com pessoas que tenham os mesmos interesses que nós. Ainda
assim, estes interesses podem resultar em interações de curta, média ou longa
duração. Mediante a interceção destes interesses a nossa comunicação social
poderá ir se alterando. Para além dos pontos em comum, para que haja uma
correspondência duradoura devemos alimentar e criar vivências em conjunto. Ou
seja, para além de cair em graça e ser engraçado, importa que tenhamos a
capacidade de reescrever a nossa história comunicacional para que os interesses
em comum não se esvaziem e se diluam ao longo do tempo.
Todos estes desvaneios que fui
escrevendo vão esbarrando na individualidade das pessoas. Cada qual emite e retém
informação de forma diferenciada. Alguns de nós ativam os seus mecanismos de
defesa e acabam por nunca conseguir se exprimir. Outros, devido às suas experiências,
comunicam deliberadamente sem qualquer tipo de escudo na emissão da informação ou
na capacidade de interpretar os sinais. Ainda existem aqueles que não sabem o
que dizer e não percebem o que lhes estão a comunicar e, por isso, não se
exprimem com medo de estar sempre desenquadrados.
Às vezes deixo a minha mente ir para onde ela quer me levar. Não vale a pena tentar contrariar.
Quanto mais tento perceber mais convicto
fico que não percebo nada.
Sinceramente
O Idiota
Só tenho uma coisa a dizer.
ResponderEliminar"Fazer mesmas coisas e esperar resultados diferentes..."