Só quero ser quem sou.


Não sei. Sinceramente, Não sei.

Perante tudo o que diariamente nos confronta, apodera-se de mim um sentimento dicotómico entre sinais opostos. Entendo-me como sendo um ser complexo, descontextualizado que, de forma subtil, se automarginaliza desta sociedade.

Diferente.

Cada vez menos sinto-me qualificado para classificar o que vejo e experimento, em comparação com o que sei e o que se prega. Perceciono um certo desvaneio social fruto da incerteza e, também, da certeza que tudo é incerto.

E se tudo certo não é, em contradição viveremos, pois se num contexto específico a nossa vida é, para sempre duvidaremos. A dúvida de quem sempre teve a convicção que tudo se autorregula, numa realidade disfuncional onde o táctil é utópico. Tudo o que parece estar ao nosso alcance afasta-se com certa ligeireza, diz o olá de pertinho e foge com toda a certeza.

E se em corridas fugimos, menos nos afastamos, porque corremos dos nossos medos e destes nunca nos livramos. Esta vida é uma luta, isso já sabemos, diz a sabedoria popular, que todos nós, um dia morreremos. Não sei que tipo de morte terei e se será pior do que aquela que vou experimentando, cada vez sinto-me mais ectoplasma do que um mero ser humano.

Nunca o passar do tempo teve tanta significância. O viver por si só deixou de ser vulgarizado. Apesar de nada termos para fazer, todos os minutos são importantes, mas quando a vida normalizar tudo se resumirá aos entretantos.

Creio que cada momento que vamos experimentando não é nada mais do que uma questão neste mar de desvaneios. Inquestionavelmente trabalhamos uma vida para melhorar o interior das nossas casas, buscamos a perfeição. Mas na realidade o que andamos a fazer, foi a construir uma melhor prisão.

Estamos presos a um conjunto de ideais que não são inteiramente nossos. Muito foram subtilmente incutidos e outros nós inconscientemente procuramos. Se realmente alcançamos aquilo que procuramos, está mais do que na altura de refletir. O momento atual é insano e viver sem liberdade impede-me de sorrir.

Hoje é dia 25 de abril de 2020 e eu, só sei que nada sei.

 

Sinceramente

Stero

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A culpa não é tua. Mas é.

Tu não percebes nada.

A vida não é um reflexo. É uma experiência.