Nada tem valor se não for valorizado.



Quando tempo esperamos viver? O que esperamos realmente viver? Provavelmente estas são perguntas existenciais um bocado parvas. Mas se pararmos realmente para pensar, no ónus da nossa existência e aquilo que realmente esperamos para nós próprios, poderemos esbarrar leve ou brutalmente contra estas epopeias filosóficas.

Primeiro, e inevitavelmente, procuramos afecto de várias naturezas. Família. Amigos. Conjugues. Inimigos. Seria uma lista interminável. Queremos admirar e ser admirados. Queremos amar e ser amados. Mas nesta caminhada silenciosa, dos afectos, são poucos os momentos que nos permitem pensar profundamente sobre as emoções. Vivemos presos a uma realidade que não é a nossa. Existimos numa antítese daquilo que deveríamos viver. Deixamos de dar valor ao pulcro e passamos a valorizar o antagonismo hiperbolizado do real.
           
Estaria a mentir se dissesse que não admiro os exageros da realidade. Eles existem porque prendem atenção. Mas deve ficar somente pela atenção pois, o consumo exagerado de toda a informação externa, transforma-nos. Quer queiramos, quer não. É cativante ver fotografias de corpos esculpidos, paisagens paradisíacas, relações tão bem ilustradas, que até parecem perfeitas. Parece-me, que para a maioria das pessoas, deixou de existir a utopia. Tudo é possível, se não for na realidade será no virtual.

O problema é que não vivemos eternamente e, o constante afastamento da realidade deturpa toda a experiência de viver. As pessoas, que deveriam ser apenas pessoas a viver no seu pleno potencial, tonaram-se mestres em manipular a sua própria existência. Provavelmente a minha localização espaço-temporal está desfasada da atualidade e, consequentemente, tudo o que vejo e sinto, esteja também deturpado.  Gosto de pensar que eu é que estou errado, caso contrário viveria sempre no limbo entre o São e o Insano.

Não quero de forma alguma criticar negativamente quem consome a realidade virtual. Eu também o faço. Mas nada, mesmo nada, substitui a vida real. Tornar-se em algo inatingível virtualmente, não servirá de nada se não puder ser partilhado e vivido com os nossos pares. O valor dos momentos não está, apenas, no registo dos mesmos, está na intensidade com que estes são vividos, sentidos e partilhados.

Sinceramente
Stero

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