Acorda, estás vivo.



Domingo, dia 19 de maio de 2019. Levanto-me da cama, tenho um momento de introspeção. Qual é o meu propósito para o dia de hoje? Diariamente existem um sem número de pensamentos que deambulam pela minha mente, fruto de pensamentos anteriores e influenciados pelo existir, por si só. É incontrolável. O facto de possuir algumas vivências, faz com que tudo vire uma mixórdia de conceitos e objetivos.

A escolha que vou fazer, relativamente ao meu dia, terá um resultado desconhecido, por mais planeada que seja. Mesmo que conheça o resultado de decisões idênticas, as influências que irei sofrer, desde o acordar até o adormecer, determinarão qual será o desfecho das minhas concretizações. Tenho que estar determinado em honrar o compromisso comigo próprio, e travar a batalha mais dura e interminável que existe na vida. Tenho que vencer e, ao mesmo tempo, aceitar a derrota.

Assim que o dia vai avançando, vais percebendo que nem tudo corre como expectável. No pequeno almoço, que idealizavas perfeito, deparas-te com a ausência da manteiga e tentas improvisar. Após preparar o café, começas a comer e sentes que o café não está do jeito que estás habituado, não te sabe bem, vais colocar mais ou menos açúcar ou mais ou menos café.

Vais ao banho, relaxante, não falta nada, levas o teu tempo, fazes a preparação mental dos teus discursos ao longo do dia. Quando acabas, perdes mais tempo do que aquele que tinhas previsto e, nisto, ainda tens que te “fardar” para o alinhamento inicial da batalha diária. Azar, aquela combinação de vestuário, não será possível, esqueci-me de lavar os ténis que estava a pensar usar. Terei que fazer uma adaptação ao que estava inicialmente planeado.  Começa a batalha diária, independentemente do objetivo traçado, pretendes que o saldo entre a vitória e a derrota seja positivo. Eu falo em batalha, porque ao longo do dia, haverão muitas lutas.

Estás preparado para dar bom dia, como sinal de respeito, mas nunca recebes nada em troca. Aquele discurso que idealizaste no banho, já não faz sentido nenhum pois, os destinatários não se encontram recetivos e, o facto de ninguém retribuir o bom dia, alterou o teu estado de espírito. Vais almoçar, pensas sobre a tua manhã e preparas mentalmente a segunda metade do dia. Almoço de merda, não tem como estragar um hambúrguer, ainda assim, conseguiram.

Tudo preparado para iniciar um novo contato, uma nova abordagem emocional, tendo em conta as influências do dia. Finalmente, uma vitória, consegui concluir o que havia sido agendado, mas, por razões que desconheço, estou cansado e não sinto diferença nenhuma em mim. Foi mais um dia, a fazer as mesmas coisas, a esperar pelo melhor, mas, no final, nada se alterou. Registou-se um empate entre a vitória e a derrota.

Hora de ir para a cama, lavar os dentes e dormir. Mais uma racionalização relativamente ao meu dia. Amanha será um dia melhor, mas, não comprei a manteiga e posso não conseguir preparar bem o café. Os ténis ainda estão por lavar. Será que vão me dar cabo do almoço outra vez?

De forma súbita, acordo. Foi tudo um sonho.

Estou em choque, porque de forma inconsciente, estou constantemente a reproduzir os meus dias e, tal como uma cassete de vídeo, a fita vai se estragando, obrigando-nos a andar para a frente e para trás. Mesmo que as coisas não aconteçam no mesmo tempo, acabam por acontecer. Passamos a vida a esperar coisas positivas e a desejar por vitórias, mas não estamos recetivos à derrota.

Existe, na maioria das pessoas, um sentimento enraizado para agradar os outros e isso é visto como o sucesso. Agradar outras pessoas é fazer sempre a mesma coisa. Quando é que perdes tempo para agradares a ti próprio? Não é linear, eu sei, existem momentos em que temos que ser coniventes com determinadas decisões, não para ser do contra só porque sim. Perder tempo para questionar e tentar fazer diferente, não é falta de respeito muito pelo contrário, é o respeito por nós próprios. Não faz de nós loucos.

"Insanidade é continuar a fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes" (Albert Einstein)

Sinceramente
Stero

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A culpa não é tua. Mas é.

Tu não percebes nada.

A vida não é um reflexo. É uma experiência.