A Ignorância torna tudo perfeito. (I)



(I) Quando tudo começa ....

Todos nós, de uma forma ou de outra, percorremos caminhos com sentido e direção desconhecidos. A utopia de uma vida Feliz, com uma diferença positiva entre os momentos alegres e os momentos tristes, se apresenta como o fim bem-sucedido de um alcançar de objetivos quase surreais. Emocionalmente falando, e no meu caso em concreto, dou por mim a refletir acerca da caminhada até ao ponto atual.

Como muitos dos rapazinhos que por aí andam, com uma educação católica, o meu ideal de sociedade e família sempre foi o estereotipado. Obviamente que sempre existiu uma forte rebeldia e resiliência, que muitas das vezes colocavam-me à margem do esperado, mas raramente projetei a vida como sendo um concentrado de vivencias profissionais misturado com encontros sexuais esporádicos pouco duradouros.

O conceito, agora ultrapassado, da vida a dois, sempre me intrigou. Mas o facto de ter a oportunidade de estar com alguém, para sempre, numa harmonia poderosa e pouco sujeita a interferências negativas externas, transmite um sentimento caloroso e satisfatório, quase como o efeito da marijuana ou de um estado semi-ébrio. Ou seja, tudo com a intensidade suficiente para não ser mais nem menos do que daquilo que precisamos no momento certo.

O primeiro amor… é como a primeira bebedeira. Ou corre muito bem ou então é um desastre autêntico. Por alguma razão gosto mais do álcool em detrimento do AMOR. Se pensarmos bem, é tudo muito parecido, uma explosão de sentimentos que muitas vezes resulta numa ressaca fodida de suportar no dia seguinte, ainda assim, tentamos de novo porque da próxima vez pode ser melhor. Mas estou a divagar.

Ao longo do tempo, desde as primeiras masturbações, a minha personalidade amorosa foi sofrendo mutações, pois, aquilo que foi ancestralmente ensinado, acabou por se revelar como uma aproximação pouco exata da realidade. Não dá para acertar tudo à primeira, era bom, mas estar constantemente no quase ou num persistente desencontro emocional, desmotiva.

Eu tornei-me num cínico amoroso. Não é que a ideia de relação ou de algo parecido seja inútil. Não sou negativista nem tento sabotar potenciais relações de outros. Mas a constante tentativa e erro, ao longo do tempo, foi levando toda a ignorância e ingenuidade de uma criança que gosta de sonhar e vive recriando a perfeição na sua cabeça. Confesso que, de forma incessante, continuo a procurar o amor, mas deixei de saber o que realmente procuro.

Continua….

Delicadamente,
Stero

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