O humor tem limites?




Todo e cada singular indivíduo, ao longo do seu crescimento, é adaptado à sociedade na qual se insere. Esta oferece uma educação que definirá a sua personalidade ao longo das experiências. A infância e a adolescência serão, certamente, as fases mais críticas, pois é onde somos mais sinceros emocionalmente, marcando-nos nos melhores e piores momentos. A forma como reagimos perante esses momentos nos definirão para o resto da vida.

O bullying é algo ainda muito presente nos dias de hoje. Hoje verifica-se uma maior intensidade devido ao seu espalhamento nos meios de comunicação. Eu, pessoalmente, passei um bocado, mas mais na vertente verbal. Pegavam nas debilidades existentes e transformavam num momento de humor/riso para os demais (o humor tem limites?). Confesso que não geria bem a constante troça. Uma criança por norma, não possui mecanismos para combater a constante implicação por parte dos demais. Como é que se chega ao ponto de não se importar? Verificas que o motivo do humor/riso é uma espécie de exagero da situação em questão e que não é bem a realidade. Se for realizada essa introspeção retrospetiva, dá-se o começo de uma aceitação. Uma aceitação perante o teu ser e a sociedade que, consequentemente, gera o humor interno. A partir do momento que ris de ti mesmo(a) estás a desmanchar a troça dos demais, porque o efeito que queriam causar, já não está mais presente. Converteu-se um suposto defeito numa virtude, tornando-nos imparáveis. Um exemplo de ultrapassagem de bullying foi o próprio Sting (ex-membro dos Police) que, na sua altura de escola, utilizava quase todos os dias um polo amarelo e preto, às riscas. Agora adivinhem qual alcunha pela qual era ridicularizado todos os dias: “Sting”, que é o ferrão da abelha. Empregou a própria alcunha como nome artístico.

Não quero aqui, de forma alguma, incentivar o bullying como um processo trigger de reconhecimento, para que as pessoas comecem a gostar de si próprias e aceitar os seus defeitos e virtudes. A infância e adolescência são fases singulares de cada um. Todos nós temos maus momentos e, com as ferramentas dadas pela sociedade, é preciso procurar a positividade dessa circunstância negativa. Reforço novamente: Há que rir de si mesmo(a). Ainda mais, quem realiza bullying não se apercebe está a ser vítima de si própria porque, citando aqui (anónimo): “Ninguém é verdadeiramente mau, é simplesmente infeliz”. Deixo-vos esta reflexão.

Voltando à primordial questão que foi colocada no início e ao longo do texto: O humor tem limites? Na minha perspetiva, não. Quem tem limites são as pessoas que fazem ou recebem o humor.  Somos todos livres de fazer humor, mas temos que estar preparados para as consequências desse ato. Uma parte aceitará, outra não. Uns considerarão uma brincadeira, outros uma ofensa. Isto leva-nos para outro campo: “O que é brincar? O que é ofender?” Não quero entrar por aí. O que quero referir é: Mas, afinal de contas, quem consegue agradar todo o mundo? Pois é, ninguém. Tenho perfeita consciência que quando dirijo a palavra a alguém, sou responsável, pelo que eu digo/redijo, mas não pelos que os outros interpretam, tendo a noção que, se a maior entendeu e consegui rir-se, estou no caminho certo.

Assim, vos deixo: Viva o humor. Riam-se, que o diafragma agradece!

Atenciosamente,

Pensador Ambulante.

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