Não és Tu, Sou Eu
No
seguimento de um evento menos conseguido e com desfecho desagradável não é
fácil identificar os culpados, muito mais difícil é assumir a responsabilidade
de um resultado menos positivo. Desta feita, a via mais fácil e confortável para
solucionar a maior parte dos problemas, são os clichés. Não. Eu não vou falar
de todos os clichés que conheço, vou falar do, provavelmente, mais conhecido e
utilizado. Até porque, o problema aqui Não és Tu, Sou Eu.
Tenho,
nos últimos dias, gasto a minha mente em pensamentos múltiplos acerca desta
maravilha da linguagem. Esta expressão, que diariamente, para não dizer a todo
o instante, é proferida no mundo por Homens e Mulheres, com maior ou menor taxa
de sucesso tendo em conta a sua finalidade, tem que ser alvo de uma reflexão
profunda.
Vamos
lá esmiuçar isto. Qual é a intencionalidade da expressão? Desculpar? Culpar?
Sair Imune de um problema criado por nós? Ou, apenas, um acto de desespero? A
mim, parece-me, que a ideia principal é criar ambiguidade no pensamento do alvo
do Cliché. Creio que o declamador deste verso poético, sem qualquer tipo de
profundidade literária, mas, ao mesmo tempo, complexo e cheio de intenção,
digno de uma análise de impacto social, não entende a grandeza de uma expressão
tão vazia e, ao mesmo tempo, tão preenchida e destrutiva.
Vamos
lá pegar no nosso amigo Isac Newton e fazer referência à sua terceira Lei, onde
refere que, para toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade,
e tentar perceber a complexidade do Cliché. Então, se a intenção é se
desculpar, provavelmente será culpado. Se o objetivo é culpar, provavelmente
será desculpado. Se é na base do desespero, convém preparar o colete à prova de
balas, porque a coisa vai ficar feia. Se, por ventura, o problema foi criado
por ti, aconselho vivamente que releia esta publicação, pois, em vez de estar a
solucionar, poderá estar a agravar o problema.
Pensar
acerca de clichés deixa-me sempre um bocado inquieto. Não é o ideal, mas até
fica bem quando não sabemos o que dizer. Mas, atendo que a reação poderá ter um
impacto igual ou superior à ação previamente idealizada, não consigo me
abstrair das complicações derivadas do uso desta expressão. Viverei num estado
de ambivalência constante.
Sinceramente,
Stero
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